Lisboa dos encontros mil

Escrever sobre Lisboa é falar do fado, canção da saudade, onde se canta o lamento da despedida, do abraço da chegada. Falar de Lisboa é escrever sobre uma cidade onde cabe o mundo.

Talvez já se tenha escrito e cantado quase tudo sobre Lisboa. Na verdade desconheço uma cidade que seja tão heterogênea mantendo a traça original que lhe é característica. Aqui e além encontramos sinais que a tornam ainda mais distinta, para além dos fatores naturais que a tornam única no mundo.

Lisboa é a capital mais ocidental da Europa. Um posicionamento geo-estratégico que a fazem num ponto de chegada ou saída da Europa. Foi provavelmente o pedaço de terra mais cobiçado do velho continente e desde a sua fundação que em Alis Ubbo, se estabeleceram diferentes povos e civilizações – fenicios, árabes, gregos, romanos, espanhóis e até franceses – um ponto de encontro de culturas, de divergências e confluências. Um porto seguro de onde saíram centenas de naus e navegadores que descobriram novos mundos para o mundo, uma expressão da nossa história que adoro e que recorda uma Lisboa imperial.

Escrever sobre Lisboa é falar do fado, canção da saudade, onde se canta o lamento da despedida, do abraço da chegada. Falar de Lisboa é escrever sobre uma cidade onde cabe o mundo, onde encontramos uma fusão de estilos, cores e culturas, onde o sol, espelhado sobre o tejo lhe confere uma luminusidade única desde o amanhecer aos sumptuosos finais de tarde observados do alto de uma das suas sete colinas. Lisboa, mais do que uma cidade é uma forma de estar, de ser e de beber. Sim, Lisboa também se bebe!

Em toda a sua área vitivinícola, Lisboa é uma região que se afirma, com vinhos de aromas distintos, acidez balançada, de suaves taninos, uma região de vinhos refrescada pela brisa atlântica e que se estende do cabo de são vicente (padroeiro dos vinhateiros) até à praia do osso da baleia. Uma região onde as vinhas são protegidas pela serra de aire e candeeiros e que se desdobra em toda a sua extensão passando pelo montejunto e culminando no monte da lua.

Uma imensa região de cerca de 30 mil hectares de vinhas, com 8 regiões DOC e que ocupa o terceiro lugar na produção de vinhos, em 2020, os vinhos de Lisboa, Alentejo e Douro somaram mais de 50% da produção de vinhos nacional num total de cerca de 400 milhões de litros de vinho, o que representa bem o potencial produtivo destas regiões em comparação às restantes.

Na região, encontramos imensas casas e palácios nobres que perpetuam a cultura e a produção de vinho, adegas majestosas que guardam milhares de litros, áreas de vinha a perder de vista, novos e inovadores projetos de reconhecida qualidade e de notoriedade no panorama vínico nacional. Individulmente são muitos os casos de produtores e vinhos distinguidos com prémios nacionais e internacionais.

O terroir de lisboa é composto maioritariamente por solos argilosos, com a já referida grande influência atlântica, com excepção ao lado nascente do montejunto, onde as vinhas gozam de maior exposição solar e de proteção desta parede natural, uma micro-região propícia à produção de grandes tintos, ao invés da restante onde predominam as castas brancas e os brancos ganham mais destaque. Encontramos na região uma enorme diversidade de castas de onde se realça o arinto, a casta bandeira da região e o vital que tem sido alvo de reabilitação. Nos tintos encontramos o alicante bouschet, touriga nacional e a trincadeira. Das castas “emigrantes” que facilmente se adaptaram à região são mais usadas o syrah, a touriga nacional, o viosinho, o sauvignon blanc, o aragonês e o chardonnay.

Lisboa, onde o santo padroeiro São Vicente cuja, lenda está ilustrada no símbolo da cidade e que é o padroeiro dos vinhateiros, o santo protetor do vinho e da vinha. Lisboa, região de encontros mil, ou não fosse a sua cidade maior a sala de visitas de excelência de Portugal e dizei-me se tudo isto não são mil motivos para nos encontrarmos em Lisboa num tour de enoturismo, numa experiência vínica, num evento ou para simplesmente bebermos Lisboa?

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